quinta-feira, 2 de abril de 2015

Deus está morto, e foi você quem matou

 Subvertendo os valores


As primeiras preocupações filosóficas de Nietzsche foram fruto de seu envolvimento com a visão ateia de Schopenhauer de um mundo governado por forças irracionais e caracterizada pela ambição e pelo sofrimento. Mas Nietzsche rejeitou essa reação pessimista de Schopenhauer a esta condição e afirmou que as pessoas haviam perdido a fé na ordem divina que sustentava seu sistema tradicional de valores.

Todo o projeto filosófico de Nietzsche pode ser visto como uma tentativa de encontrar uma via de escape ao mal estar provocado pela morte de Deus. É em Além do bem e do mal e Sobre a genealogia da moral que ele desenvolve suas críticas mais conhecidas dos valores judaico-cristãos que esperava superar.

Segundo suas análises, o que normalmente consideramos "bom" é na verdade uma valorização da condição dos fracos. A negação cristã das diferenças entre os seres humanos, sua pretensa humildade, seu amor universal, sua rejeição das paixões físicas de um mundo pecaminoso, tudo advém de uma rejeição ressentida dos valores afirmativos de um tipo nobre e mais elevado de ser humano. É preciso resistir à tentativa dessa moralidade escrava de domar  fera dentro de nós, para  que valores nobres, com sua expressão ousada de força e poder, possam ser revitalizados. Disso surge o  grande desafio de Nietzsche à humanidade e o grande remédio para o niilismo:sua visão do "Super-homem", uma nova estirpe de homens que transformaria os valores estabelecidos. 
Quando seu personagem Zaratustra diz que Deus está morto, não apenas lançou um ataque contra a religião, mas fez algo muito mais audacioso."Deus" aqui não significa apenas o deus sobre o qual os filósofos falam ou para o qual os religiosos rezam: ele significa a soma total dos valores mais elevados que podemos ter. A morte de Deus não é apenas a morte de uma deidade. É também a morte de todos os valores ditos elevados que herdamos.

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