sábado, 4 de abril de 2015

A fundação da moral na razão

A moral kantiana

Immanuel Kant afirma que princípios morais podem ser derivados apenas da razão prática. Sendo assim, pensava ele, podemos explicar as características da moral. Ele a considerava universal: um conjunto de regras que é o mesmo pra todos. Deve ser possível para todos agir sempre moralmente(ainda que seja  muito improvável que o façam). A razão também é universal, a mesma em todos os seres racionais. Moralidade e racionalidade são categóricas; o que é exigido para sermos racionais e morais não muda segundo o que desejamos. E pensamos que a moral se aplica a todos os seres racionais, não apenas ao homem. Ela não se aplica a seres incapazes de fazerem escolhas  racionais, como cães e gatos (animais podem se comportar mal, mas não agem moralmente errado).

"Leis morais têm de se aplicar a todo ser racional como tal." -Fundamentos da metafísica dos costume

Máximas morais

Como animais racionais, afirmou Kant, fazemos escolhas com base em "máximas", a versão kantiana das intenções, nossos princípios pessoais  que corporificam  nossas razões  para fazer algo, como "ter o máximo de diversão possível". Se é possível para todos agir moralmente, e nossas ações baseiam-se em nossas máximas, uma máxima moralmente permissível seria uma que todos pudessem praticar. 
  Suponha que você queira dar um presente a um amigo, mas, como não tem meios para isso, furta-o de uma loja. Sua máxima é algo como:"Roubar algo que quero, se não posso comprar". Isso só poderia ser a coisa certa a fazer se todos pudessem fazê-la. Mas se todos nos apoderássemos de tudo que queremos, a ideia de "possuir" coisas desapareceria.
A tendência de Pinóquio a falsear a verdade é errada. A mentira também é reprovada no teste de universalidade de Kant. Se todos mentissem sempre, de nada adiantaria mentir, porque ninguém nos daria crédito.
Como você não pode furtar algo que não pertença a alguém, é logicamente impossível que todos furtem coisas. Por isso, furtar  o presente é errado, segundo Kant.
  Podemos descobrir novos deveres testando nossas máximas contra o que Kant chamou de imperativo categórico (um imperativo que é uma ordem): "Age somente segundo uma máxima  tal que  possas querer, ao mesmo tempo, ver transformada em lei universal." Kant não afirma que uma ação como furtar é errada porque não gostaríamos das consequências se todos a praticassem. Seu teste é se poderíamos escolher ("querer") que nossa máxima fosse uma lei universal. Trata-se do que é possível escolher, não do que gostaríamos de escolher. Escolher comportar-se de uma maneira que é impossível que todos adotem, é ao mesmo tempo , imoral e irracional, e deveria ser rejeitado. Kant prescreveu também:" Age de tal modo que sempre trates a humanidade, seja na tua própria pessoa ou na de qualquer outro, nunca simplesmente como um meio, mas sempre como também um fim." Ao usar a palavra "humanidade", ele enfatiza nossa capacidade de determinar  racionalmente que fins adotar e perseguir. A capacidade de fazer escolhas livres e racionais dá dignidade aos seres humanos.
  Tratar a humanidade de alguém como mero meio, e não também como um fim, é tratar a pessoa de um modo que menospreza seu poder de fazer uma escolha racional. Coagir alguém ou mentir-lhe, não lhe permitindo fazer uma escolha bem fundamentada, são exelentes exemplos.

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