quarta-feira, 8 de abril de 2015

Hume e a revolução do pensamento

O empirista

Provavelmente o maior filósofo a ter escrito na língua inglesa, Hume foi mais conhecido em seu tempo como historiador. No entanto, foi sua abordagem revolucionária de questões epistemológicas que fez dele a figura-chave no Iluminismo, e é por ela que é lembrado hoje.
  Hume tentou descrever a mente humana da mesma maneira  que os fenômenos naturais, encontrando as leis gerais que explicam todos os processos mentais. Seguindo as pegadas empiristas de Locke  e Berkeley, via os sentidos como nossa fonte-chave de conhecimento. Ele dividiu os conteúdos da mente em duas categorias: "impressões", as percepções de que gozamos quando o mundo marca nossos sentidos; e "ideias", as cópias menos vívidas das impressões. As ideias são os conceitos e pensamentos de coisas que não estamos mais experimentando, mas somos capazes de evocar em nossas mentes. O sentido filosófico dessa distinção é insistir que não há nada na mente - nem mesmo o pensamento mais abstrato - que não seja simplesmente sensação transformada.

Ideias simples e complexas

Ideias simples devem vir de impressões simples, mas as complexas podem ser criadas na mente pelo rearranjo de ideias simples. Desse modo, somos capazes de formar conceitos de coisas que não experimentamos, como por exemplo, de um unicórnio. 
  Cabe ressaltar, contudo, que se não pudermos encontrar a origem de uma ideia em impressões simples, ela não pode ser uma ideia genuína. Hume usa isso para desenvolver críticas importantes a conceitos filosóficos como os de eu, Deus, objetos materiais e causação. Porque, se não pudermos descobrir a origem desses conceitos, teremos que repensar o que queremos dizer com eles e os usos que lhes damos.


"A razão é e deve ser apenas  a escrava das paixões, e nunca pode aspirar outro serviço senão servir-lhe e obedecer-lhes" -Tratado da natureza humana

O eu

Para dar um exemplo, Hume afirma que, quando examina sua mente, encontra um fluxo de impressões e ideias, mas nenhuma correspondente a um eu que perdure no tempo. Ele concluiu que o eu não é nada além do fluxo de percepções de que gozamos. Um "eu permanente" não passa de uma ficção produzidas por nossas imaginações. 

Filosofia moral

Segundo Hume, os juízos morais não se baseiam em fatos objetivamente observáveis. Quando dizemos que um ato é moralmente errado, comunicamos o modo como nos sentimos acerca dele. Mas isso não significa que a moralidade seja um assunto totalmente subjetivo. Todos os seres humanos partilham uma natureza comum que nos faz experimentar sentimentos de compaixão por nossos semelhantes, e, como somos programados para senti-los, os juízos morais refletem verdades universalmente aceitas.  


Dorothy surpreende-se com um espantalho falante em O mágico de Oz: " Espantalho: - Eu não tenho um cérebro. Só tenho palha. Dorothy: - Mas como você pode falar, se você não tem cérebro? Espantalho: - Eu não sei… mas também tem tanta gente sem cérebro por aí que fala aos montes… não é?" Se Hume estiver certo, é tão sensato esperar que o mundo comece a se comportar à maneira de Oz quanto que continue como antes.

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